O empreendedorismo é hoje um fenômeno global, sobre o qual diversas instituições públicas e privadas têm investido para pesquisar e incentivar. Existe uma clara correlação entre o empreendedorismo e o crescimento econômico. Os resultados mais explícitos manifestam-se na forma de inovação, desenvolvimento tecnológico e geração de novos postos de trabalho. A riqueza gerada pelos empreendedores contribui para a melhoria da qualidade de vida da população e, não raras vezes, é reinvestida em novos empreendimentos e, de maneira indireta, nas próprias comunidades.
O maior exemplo contemporâneo da força empreendedora foi a criação de milhares de novas empresas e milhões de novos empregos na economia norte-americana em seu recente período de extraordinário crescimento. Nas palavras do mestre Peter Drucker, “o surgimento da economia empreendedora é um evento tanto cultural e psicológico, quanto econômico ou tecnológico.” Estes mesmos traços de dinamismo podem ser encontrados, se bem que com outros matizes, na economia brasileira.
O desenvolvimento econômico, segundo Schumpeter, tem três pilares: a renovação tecnológica, o crédito para novos investimentos e o empresário inovador. Este último, agente principal da mudança, é capaz de erigir um novo e lucrativo negócio, mesmo sem ser dono do capital. O que conta são suas características de personalidade, seus valores e a capacidade de utilizar os recursos disponíveis para modificar ambientes e conjunturas. Do ponto de vista macro-econômico, os empreendedores são capazes de romper os trajetos viciosos da economia e criar novos paradigmas, marcados pela competitividade e pela geração de oportunidades. Para além da necessária busca do lucro, a ação positiva dos empreendedores melhora a qualidade de vida a partir da oferta de novos produtos e serviços. Esse trabalho é sempre capaz de “provocar” a concorrência e estimular novos hábitos para clientes e consumidores finais.
Cada país pode desenvolver o clima mais apropriado para o empreendedorismo sem colocar em segundo plano os valores de seu sistema econômico e social, tais como redistribuição de riqueza ou proteção social.
As alavancas fundamentais para o empreendedorismo em um determinado país são: a) acesso ao capital de investimento; b) baixo grau de intervenção e regulação do Estado; c) padrões sócio-culturais que demonstrem uma postura favorável à atividade empreendedora.
Podemos identificar três modelos conceituais de ambiente empreendedor:
- O modelo de livre mercado que conta com uma intervenção governamental mínima, como é o caso dos Estados Unidos;
- O modelo de individualismo monitorado baseado ainda no estímulo aos empreendimentos individuais, mas utilizando políticas públicas como catalisadoras das energias empreendedoras, casos de Cingapura e Taiwan;
- O modelo da social-democracia, que combina o estímulo aos empreendimentos com forte ênfase na proteção social, no qual o governo é um jogador-chave no estabelecimento das regras sob as quais os empreendimentos podem florescer, exemplos da Alemanha, Holanda e Suécia.
As diferenças entre os países também refletem nos dois tipos de força propulsora do empreendedorismo: os empreendimentos “de oportunidade” e os “de necessidade”. Um empreendimento é “de oportunidade” quando o empreendedor iniciou ou investiu em um negócio a fim de aproveitar uma oportunidade percebida no mercado, e “de necessidade” quando se trata da melhor opção de trabalho disponível. Ambos florescem em países onde há desigualdade na distribuição de renda, mas onde as pessoas têm expectativa de que a situação econômica irá melhorar. Os de oportunidade aparecem em maior número onde há reduzida ênfase na manufatura, baixa intromissão governamental, grande número de investidores informais e respeito pela atividade empreendedora. Os de necessidade são mais comuns onde o desenvolvimento econômico do país é relativamente pequeno, a economia não depende tanto do mercado internacional, os benefícios oferecidos pelo Estado são menos generosos e as mulheres têm menos influência sobre a economia.