À medida que o convívio social se estabeleceu, males estranhos se espalharam e, em locais muito povoados, se transformaram em epidemias. Por isso, essas ondas avassaladoras de doenças são um ótimo retrato da história.
1550 a.C. – Varíola
O primeiro vestígio da doença foi encontrado numa múmia da 18ª dinastia egípcia (1550-1307 a.C.). No ano 700, no Japão, ela matou vários membros da família imperial Fujiwara, criando um fervor religioso que facilitou que a difusão do budismo. No século 16, transmitida pelos espanhóis, a varíola atacou maciçamente os astecas.
430 a.C. - Praga de Atenas
Durante o apogeu cultural e político da principal cidade-estado da Grécia, que inclui um embrião da democracia, surgiu uma doença conhecida como a “grande praga de Atenas”, ainda não identificada. Com sintomas da varíola, da peste bubônica e do tifo, ela favoreceu a derrota dos atenienses contra Esparta, na Guerra do Peloponeso (431-404).
Século 3 - Malária
Foi registrada pela primeira vez como epidemia entre os romanos, que passaram a aterrar pântanos na tentativa de afugentar os “maus ares” (daí o nome da doença). Ainda hoje, 250 milhões de pessoas contraem malária anualmente.
Século 12 - Lepra
Durante as cruzadas, a doença se difundiu fortemente pela Europa. Como os guerreiros cristãos eram grande parte dos infectados, os doentes passaram de renegados socialmente a santos, cuja mão era beijada pelos fiéis. Esse costume fez muitas pessoas vulneráveis à doença contraírem-na, o que obrigou a construção de milhares de leprosários na Europa.
1347 - Peste negra
Depois de matar 10 mil pessoas por dia em Constantinopla no século 6, a peste bubônica provocou a mais mortal epidemia da história. Facilmente transmitida pelos ratos nos burgos fechados e fétidos da Europa, fez 25 milhões de vítimas em cinco anos. Em 1563, a moléstia voltou a atacar em Londres, matando um terço da população da cidade.
1494 - Sífilis
Essa doença venérea apareceu entre os marinheiros de Cristóvão Colombo e entre nobres europeus como o rei Carlos VIII, da França, e Henrique VIII, da Inglaterra. Nos séculos seguintes, espalhou-se de forma devastadora entre os exércitos francês, espanhol, austríaco e italiano.
1805 - Tifo
Durante a invasão de Napoleão a Viena, uma epidemia de febre tifóide alastrou-se pela Europa central. Em 1812, aliada à fome, ao frio e à disenteria, a febre poupou apenas 30 mil dos 600 mil soldados franceses na Rússia.
1832 - Cólera
Com a urbanização, os combates em trincheiras e as facilidades do transporte, o século 19 foi amplamente atacado por epidemias. Entre elas, o cólera fez vítimas quase em todo o mundo: Europa, Ásia e América. Apesar da descoberta da água como meio de contaminação, a falta de saneamento básico faz a doença persistir até hoje.
1889 - Gripe Espanhola
A “influenza” foi registrada pela primeira vez na Espanha, ainda no século 19, mas só tomaria grandes proporções durante a Primeira Guerra, atacando as tropas na Europa. De lá, se espalharia pelos cinco continentes, inclusive para o Brasil. Até 1919, a pandemia matou mais de 20 milhões de pessoas no mundo todo.
1981 - AIDS
Cientistas descrevem a síndrome da imunodeficiência adquirida, que só seria batizada um ano depois. Transmitida sexualmente e por transfusões sanguíneas, a aids afeta 14 países, provocando um revés na revolução sexual da década de 60. Hoje, atinge 35 milhões de pessoas.