Filosofia atual.

Imagine uma caverna onde vários homens vivem acorrentados. Todos eles olham para as sombras refletidas na parede e acreditam, fielmente, que aquelas sombras representam o real. Agora, conceba que um desses homens comece a se incomodar com tudo aquilo e consiga se livrar das correntes dessa ilusão. Ele deixa o lugar onde está para explorar o restante da caverna.

De repente, o mesmo homem se depara com uma fogueira e percebe que as sombras na parede são apenas reflexos da luz. Ao persistir na caminhada, alcança a porta de entrada da caverna. À sua frente está o Sol e um universo inteiro que ele desconhecia. Imaginou? E se você fosse esse homem? O que faria? Voltaria para avisar aos demais ou seguiria em frente?

O trecho acima é um resumo livre do “Mito da Caverna”, do filósofo Platão. Mas como pode um texto escrito no século IV a.C. ser tão atual? Ao longo da história, antes mesmo da escrita, os mitos já eram usados para transmitir experiências entre as gerações, pois consistem em formas simbólicas de transmissão de verdades, porque todo homem poderia se enxergar neles.

Para o professor de filosofia Roni Cezar, alguns homens estão tão acostumados a verem as sombras que esquecem de questionar se o que veem é real ou não. Outros, incomodados, passam a vida em busca de respostas. “Esses atravessam o mais escuro da caverna interior em busca da luz do Sol, ou seja, da luz do conhecimento”.

Segundo ele, questionar é o primeiro passo para encontrar as verdadeiras respostas. No mito, primeiro vem o incômodo das correntes e depois a caminhada que leva ao encontro da verdade. É essa a trilha do filósofo, daquele que ama a sabedoria e que busca a verdade acima de tudo.

“Em um mundo onde o normal é protelar ou remediar os problemas, o filósofo é aquele que age nas causas e consegue encontrar um sentido maior para a vida, e isso leva a constante e verdadeira felicidade”, argumenta.