O sequestro de mais de 200 estudantes pelo grupo islâmico radical Boko Haram tem um protagonista: o líder, Abubakar Muhamad Shekau, tão extremista e violento que até alguns antigos aliados se distanciaram dele.
O Boko Haram, que significa na língua local "a educação não islâmica é pecado", luta desde 2002 para impor a "sharia" (lei islâmica) na Nigéria, país de maioria muçulmana no norte e predominantemente cristã no sul.
Desde que a polícia matou em 2009 o líder do Boko Haram, Mohammed Yousef, os radicais mantêm uma sangrenta campanha que deixou mais de 3 mil mortos. Com 170 milhões de habitantes integrados em mais de 200 grupos tribais, a Nigéria sofre múltiplas tensões por suas profundas diferenças políticas, religiosas e territoriais.
No mais recente vídeo de Shekau, divulgado nesta semana, ele aparece exaltado, reivindicando o sequestro das adolescentes de Chibok e prometendo tratá-las como "escravas" para depois "vendê-las". A ação do Boko Haram e as ameaças de seu líder causaram indignação em todo o mundo. Para os nigerianos, este novo vídeo reflete a personalidade do chefe islamita, a quem são atribuídos vários ataques desde que passou a ocupar o lugar de Mohamed Yusuf à frente do grupo, após a sua execução pela polícia nigeriana em 2009.
Segundo especialistas, com a chegada de Shekau à liderança, os ataques contra civis, cristãos e muçulmanos distanciaram as práticas do grupo daquilo que Yusuf pregava, a luta contra um regime nigeriano corrupto.
Estados Unidos, França, China, Canadá e Reino Unido já anunciaram que estão à disposição do governo nigeriano para encontrar as jovens. Entre as ações oferecidas, estão o envio de analistas e o fornecimento de dados de satélite para que se descubra o local aonde as meninas foram levadas.
A polícia da Nigéria – o país mais populoso da África – ofereceu uma recompensa de 50 milhões de nairas (cerca de US$ 300 mil, ou R$ 669 mil) para quem fornecer informações factíveis sobre o paradeiro das garotas sequestradas.