Cirurgia
A cirurgia era uma prática comum entre médicos no tratamento de lesões físicas. Os médicos egípcios reconheciam três categorias de lesões: tratáveis, contestáveis e intratáveis. Uma lesão na categoria tratável podia ser imediatamente atendida pelos cirurgiões. Lesões contestáveis eram aquelas em que a vítima provavelmente poderia sobreviver sem tratamento, sendo os pacientes que se assumia estarem nesta categoria observados, e caso sobrevivessem então seria tentada cirurgia. Instrumentos cirúrgicos descobertos em sítios arqueológicos incluem facas, ganchos, brocas, forceps, balanças, colheres, serras e recipientes para queima de incenso.5
A circuncisão masculina seria provavelmente a norma, embora haja poucas evidências. Apesar da sua prática ser raramente mencionada, a sua inexistência noutras culturas era frequentemente referida e campanhas militares traziam frequentemente falos não circuncidados como troféus, o que sugere novidade. No entanto, outros registos descrevem a circuncisão nos rituais iniciantes das ordens religiosas, o que implica que seria uma prática excepcional e não disseminada. A única representação conhecida da prática, no Túmulo do Médico, sepulcro de Ankh-Mahor em Saqqara, mostra adolescentes ou adultos, e não recém-nascidos. A Circuncisão feminina pode ter sido praticada, embora a única referência a tal facto em textos antigos possa ser uma tradução errada.
Eram também usadas próteses, tais como dedos e globos oculares artificiais, embora de pouco mais servissem para além de propósito ornamental. Na preparação de cerimónias fúnebres, as partes do corpo em falta completas com próteses, mas nem sempre estas mostram ter sido úteis em vida ou sequer fixas ao corpo antes da morte.
O uso alargado de cirurgia, práticas de mumificação, e autópsias num quadro religioso deram aos egípcios um vasto conhecimento da morfologia do corpo, e até mesmo uma percepção considerável das funções corporais. A função de maior parte dos principais órgãos era correctamente presumida - por exemplo, o sangue era correctamente presumido como sendo um meio de troca entre vitalidade e desperdícios, o que não está muito longe do seu papel actual como transporte de oxigénio e remoção de dióxido de carbono - à excepção do coração e cérebro cujas funções estavam trocadas.