Bons tempos aqueles em que a filosofia fazia parte do currículo escolar básico. Os estudantes aprendiam a se conhecer, a se respeitar e, assim, a respeitar e amar o próximo. Aprendiam a pensar e amar a Pátria. Cultuavam pais e professores. Adquiriam a consciência sobre o próprio papel que lhes caberia diante da sociedade: aprimorá-la, desenvolvê-la e deixar como herança aos seus descendentes um mundo melhor.
Diante do escândalo do BBB (Big Brother Brasil), com suposto caso de estupro, ouvi o Fernando Dini dizer: todo mundo está reclamando, mas o programa existe porque há telespectador; ele dá Ibope e gera muito dinheiro. Bastaria desligar a TV e pronto. BBB é como droga. Só tem resultado porque tem consumidor.
A nossa mente é atraída principalmente pela curiosidade. E até grandes personalidades são surpreendidas. Tony Blair, por exemplo, estava sendo convencido por George W. Bush a continuar com os ataques no Iraque: Blair, não tem erro, vai por mim.... Então, ele questionou: E a opinião pública internacional Bush? Com sorriso, o presidente dos Estados Unidos comentou: Não esquenta. Ouça meu plano: vamos matar só 3 milhões de iraquianos e um vendedor de bicicletas. O inglês, de pronto, perguntou: Um vendedor de bicicletas, por quê? Bush deu uma gargalhada e arrematou: Está vendo, ninguém se preocupa com um milhão de iraquianos.
Piada ou não, olhamos sempre ao próprio umbigo e fazemos pouca coisa em benefício coletivo. Gostamos de observar. Apreciamos fofocas. Acompanhamos o noticiário para saber quem e como vai agir: Vão tirar o programa do ar? A TV Globo vai ser processada? Foi ato de racismo tirar um negro do BBB? Na verdade, continuamos com o televisor ligado.
Abraham Lincoln disse: Deus deve amar os homens medíocres. Fez muitos deles. Mas, também disse: E no fim, não são os anos em sua vida que importam. É a vida em seus anos. De fato é importante que façamos o melhor em nossa vida, para nos afastarmos da mediocridade e sermos úteis à humanidade. Antes, precisamos ser úteis a nós mesmos.
No governo da ditadura perdemos as aulas de filosofia. Como vivemos em democracia, podemos até filosofar através da imprensa. E como disse o político americano Alfredo Emanuel Smith, no começo do século passado: Todos os males da democracia podem-se curar com mais democracia. Para isso, precisamos parar para refletir sobre as próprias ações e avaliar as informações que recebemos com maior atenção, a fim de não sermos massificados. Outro dia o Edgard Moura recordou a famosa frase de Nelson Rodrigues: O brasileiro tem complexo de vira-lata, ou seja, nos julgamos inferiores e não ousamos.
Movimentos denominados Sem Teto e Sem Terra geram na mente dos participantes uma verdade triste. Eles passam a viver o pertencimento ao grupo e, assim, ficam aprisionados nessa condição inferior. Limitam-se. Penso: eles deveriam ser estimulados a conquistarem teto e terra; a ganharem o pão com o suor do rosto e a sociedade, por sua vez, deveria se comprometer em criar oportunidades para eles vencerem. Poderiam ser chamados de Teto é Vida, Terra & Produção, Plantar é Gerar Vida etc. Caetano Veloso compôs É proibido proibir. Detestamos ouvir um não. Quando vejo cartazes dizendo não, fico horrorizado. Na França, por exemplo, não há cartaz proibindo Não fume, mas alerta: Proteja-se do fumo. Ou seja, há a valorização da vida.
Para concluir, vamos lembrar mais uma frase do indiano Mahatma Ghandi, um dos homens mais brilhantes que já conhecemos: Há dois tipos de pessoas: as que fazem as coisas e as que dizem que fizeram as coisas. Tente ficar no primeiro. Há menos competição.